CAOS DE NOSSA CIVILIZAÇÃO

Hoje parei um pouco para refletir sobre a humanidade e suas conquistas e me deparei com o seguinte quadro: vivemos o caos dos valores e a crise de identidade enquanto grupo de pessoas, de pessoas que deveriam se relacionar melhor num tempo em que a facilidade de comunicação é dez vezes maior que tempos idos.
A história de nossa humanidade é marcada fundamentalmente por povos conquistando povos, a lei do mais forte vigora desde a pré-história até a contemporaneidade. Por outro lado, entretanto, alguns homens dessa humanidade procuraram caminhos alternativos, estes - por sinal - deram à humanidade um rosto diferente: estudaram, refletiram, escreveram, inventaram, descobriram, deram à "conquista" de fato do Homem meios para viver bem e melhor.
Além desse "viver bem e melhor" é importante frisar que "o joio" que fere toda essa conquista chama-se sistema econômico. O atual - o capitalista - promove uma guerra silenciosa: a guerra do sistema econômico do mais forte: a do lucro, alimentada, sobretudo pelo poder. As pessoas se reduziram ao que "têm" e não ao que "são". "Sou, existo, porque tenho", descaracterizando a rica frase da modernidade: "Cogito ergo sum".
A conquista da modernidade ferida pela chamada "pós-modernidade" encontra-se hoje marcada pelo consumo exacerbado de "coisas" que tornam as pessoas de todas as etnias, povos e nações em objetos de consumo! É bem verdade que os povos dessa humanidade contemporânea vive de forma melhor que o da idade média, porém é questionável esse "viver melhor" quando a má distribuição de riquezas - pela consciência de globalização - seja uma realidade verdadeira, pois como se diz: se tudo o que é de conquista hoje, seja de todos - como bem reza a ONU.
O que vemos a olho nu: internet, TV HD Digital, Ipod, etc... Nos faz perceber o quanto estamos distantes - ainda mais - uns dos outros! As instituições mais antigas, a família, a Igreja entre outros grupos vivem essa crise de valores fragmentados cada vez mais. O personalismo - ou diria o "lideralismo" - tão presente em tempos passados na história da humanidade deu lugar ao "individualismo": ninguém quer ouvir ninguém, "alguém não precisa de ninguém", ou ainda a frase célebre de nosso tempo: "A vida é minha! O corpo é meu", configuram toda essa crise institucional.
Minhas reflexões não param... Mas, de repente elas podem parar quando também me tornar objeto barato de consumos das idéias já prontas: filosofia pronta, história pronta,... Só a morte para silenciar a voz de quem grita por dentro diante do caos de nossa civilização!

BENÉVOLA SOLIDÃO

O que é a solidão? Pensando bem, ela não é aquilo que nos deixa só, pois nos acompanha na vida. A companheira das horas sozinhos. É, mas dentro dela as lembranças de outrora, uma coisa ali que lembra algo, outra acolá que nos faz refletir...
Talvez na vida de milhões de seres humanos ela seja a única confidente das horas que passamos sozinhos. Acredito que dentro de cada pessoa exista um parentesco comum com a "tal solidão". Com ela nos inebriamos com os pensamentos vil, pois nela depositamos o que no profundo da existência somos.
Por que falar da solidão tão solitário? Parece incoerente tal premissa! Mas, vejamos só, dentro de cada espaço existe uma ideia que perpassa nossa vida. Tal ideia se configura à solidão, mesmo estando com outras pessoas conversamos com o silêncio de nossa razão, analisando, escrevendo, ou simplesmente olhando no horizonte de uma paisagem algo incomum à vida, tudo isso pode-se dizer faz pensar e viver a solidão, daí, portanto, "solitários".
Os grandes Homens da história só se tornaram "grandes", porque experimentaram a solidão. Os grandes escritores só se tornaram "ouvidos" porque nas horas da escrita estavam a sós, solitários.
Então, diria, que ser solidão e solitário é um Bem a cada pessoa. O que não é Bom é transformar essa solidão em desolação, em egocentrismo, em dizer para si e para os outros: "Eu não preciso de ninguém, "eu" me basto! Assim, estaremos sendo "falsos" solitários na solidão benévola que a vida precisa.
Hoje, nessa solidão benévola de meu quarto, escrevo palavras que refletem a construção da própria vida, a busca da coerência e da lúcida certeza que tudo o que se vive, nos momentos altos e baixos, nas luzes e sombras, a esperança do recomeço faz Luz no caminho.