O Natal é uma solenidade de tradição cristã celebrada por
todos os povos, etnias, culturas, religiões diversas,... Mesmo, muitas vezes,
de forma deturpada, porém é um acontecimento que marca ciclos, aonde as pessoas
se tornam mais fraternas e se dão presentes mutuamente.
Independente da visão acima mencionada, o Natal é uma festa
de cristãos. Há de se dizer que nem todos os cristãos também não conhecem o
mais profundo significado dessa solenidade. Entretanto, nas diversas formas de
celebrar o Natal, muitos grupos cristãos saem de suas casas, de seu conforto e
passam a experimentar “o verbo encarnado” de maneira solidária. Organizam-se,
fazem promoções para, então, “presentear” os mais pobres, sejam os moradores de
rua, sejam os que vivem num leito de hospital, sejam, portanto, todas as
pessoas que vivem à margem da sociedade. O natal faz sensibilizar o coração de
muita gente!
Esse hemisfério de acontecimentos nos dias que antecedem o
Natal parece ser algo extraordinário. Vê-se que as pessoas são tocadas bem no
fundo de seus corações por algo “mágico” que as tornam mais felizes e, de certa
forma, mais preocupadas com “o natal feliz para todos”.
A fé cristã tem mais de dois mil anos de caminhada. Nesse
tempo todo, muitas coisas aconteceram, muitas palavras foram ditas, muitos
livros sobre o cristianismo foram escritos. Mas, acredito que de tudo isso que
aconteceu não se perdeu de vista o essencial: “O Deus que se tornou ser humano
e veio viver entre nós!” (cf Jo 1:14). E, desse fato o que Ele insistentemente
pediu: “Amai uns aos outros como Eu amo vocês” (Jo 13:34). Essas duas colunas
sustentaram – e sustentam! – a fé cristã que, de geração em geração, são
ensinados até os dias de hoje.
O Deus que se torna ser humano, abraçando a humanidade com
todo amor, ensina, doa-se, cura, promove a mais bela sabedoria já proferida à
vida humana, respeitado e estudado por gerações: Quem é Jesus Cristo? Respostas
foram dadas pela ciência, pela antropologia, pela filosofia e, claro, pela
teologia; mas, a resposta mais expressiva, sem dúvida, é a experiência que cada
seguidor (a) faz de Jesus Cristo e na história da fé cristã muitos a fizeram e
foram, na sua maioria, pessoas simples e pecadoras, mas que se deixaram tocar
por seus ensinamentos e, sobretudo, por seu exemplo. Esse é o fascínio que
muitos sentem arder em seus corações e faz de Jesus não apenas “um objeto” de
estudo, mas uma experiência viva.
No Natal a convocação à qual somos chamados é experimentar a
história do nascimento de Jesus a partir de nossa realidade. Ele continua
nascendo no coração de todos nós, mas também continua nos questionando sobre
nossas opções. Ele renasce na mais miséria humana e nos provoca a ficar com Ele
ou não. O Cristo se faz criança, nas crianças abandonadas, naquelas sem
família, sem teto, sem comida, as que estão nos abrigos, as que são doentes, as
que são vítimas do abuso e violência sexual, as oprimidas,... Jesus grita e
sofre com todos aqueles que são tratados com indiferença.
Certamente as pessoas que se envolvem com a solidariedade,
mais intensamente nesse tempo, são aquelas que se deixaram tocar pelo Espírito
de Deus por meio da experiência que tiveram com Jesus Cristo. Mas, como seria
mais profundamente interessante se fossem tocadas todos os dias do ano por esse
espírito divino! Assim repetiríamos os versos proféticos e utópicos do poeta
cristão: “Tudo seria bem melhor se o Natal não fosse um dia e que as mães
fossem Maria e que os pais fossem José e que a gente parecesse com Jesus de
Nazaré” (Pe. Zezinho, SCJ).
Que o Natal nosso de cada dia seja mais um motivo para
renovar nossa fé, fortalecendo o desejo de ser “outro Cristo” na vida dos que
mais sofrem! Feliz Natal de todos os dias do ano vindouro! Amém.