VONTADE, LIBERDADE E INTELIGÊNCIA: INATAS A NÓS

Quando iniciamos uma nova etapa na vida, redescobrimos um novo sentido para ela. Eu diria que redescobrimos um novo modo de caminhar, pois a vida tem a capacidade de adaptar-se ao estilo que norteamos o caminho. Daí, pois, um novo sentido dela se faz.
Na vida, em suas etapas, somos conduzidos pela nossa vontade. Vontade que se motiva pela liberdade e que se constitui - com ampla certeza - pela inteligência que temos. Nada pode passar sem antes experimentarmos as três qualidades inatas a todo ser humano: vontade, liberdade e inteligência. Qualidades que abrem os horizontes de nossa consciência e que nos faz Ser.
Quantas vezes somos tentados a agir indiferentes a essas qualidades! Somos deveras vezes hauridos pela poderosa força emocional que - muitas vezes - nos cega diante da coerência. Em nossas dimensões humanas, temos que ter equilíbrio psíquico diante das grandes decisões que proporcionarão em nossas vidas mudanças a "longo prazo".
Nós seres humanos, pela nossa natureza, somos coagidos pela capacidade de mudanças. Nos adaptamos a qualquer ambiente e a qualquer circunstâncias. Ninguém, por maior ou menor que se ache, saberá encontrar um lugar para si e para a sua felicidade.
Nas grandes catástrofes naturais a pessoa que a sofreu - mesmo perdendo tudo - mas, mantendo-se vivo, encontra alternativas que o motiva a lutar pela sua subsistência. No mundo do trabalho é assim, nas relações com o outro é assim, nas mais diversas situações o ser humano consegue encontrar seu "ninho", como diziam e nos ensinaram os gregos: encontra seu "oikós", sua casa, sua morada. Somos assim: vontade, liberdade e inteligência.


IDÉIAS E PENSAMENTOS I

Pensar... Refletir. As idéias fluem. As primeiras civilizações começaram a construir suas obras com "idéias e pensamentos". Fomentaram a participação, imbuídos da certeza de que tudo o que estavam fazendo, tudo era o começo de uma nova era.
Nenhum ser humano está excluído da reflexão. Somos "sapiens". O mistério da vida humana está guardado em sua alma. O que nos move, o que nos sustenta, o que nos conduz, é a certeza da razão e da reflexão em torno de tudo o que nos faz ser. E o que nos faz Ser (ontos) é o senso de existir para algo que nos realiza a cada descoberta.
Ser no Ser! Quantas reflexões filosóficas foram provocadas na história do pensamento humano. O que não dizer de Aristóteles, de Descartes, Kant e tantos outros?
Certamente esses homens ajudaram a construir o pensamento humano com idéias profundas e análises formidáveis. Eles, entre tantos outros, fomentaram a ciência e a política, a economia e a arte, a ética e a cultura; desenvolveram as aptidões humanas para o comportamento são e a deixaram mais enriquecida, sobretudo na idade moderna.
Infelizmente hoje somos vítimas do "esvaziamento da razão" e conseqüentemente o empobrecimento das reflexões em torno do Ser em todas as suas dimensões. O ser humano contemporâneo está a serviço da alta-tecnologia, seduzido pela facilidade do consumo que as grandes empresas produzem. E trata-se de consumo exagerado e, em virtude de tudo isso, o ser humano bitola-se ao que tem e esquece-se de olhar-se, olhar outros horizontes, descobrir a riqueza e o valor da própria existência e de suas relações saudáveis, seja com os outros, seja com a própria natureza.
Pensamentos e idéias são fruto de nossa razão. O ser humano hoje precisa redescobrir a própria razão e o fascínio de refletir para agir num mundo aonde o prazer tomou outro sentido, aonde a ética se transformou em mercadoria, aonde o sentido do Ser é vazio e mesquinho, sem valor: mediocridade da "alta-modernidade" - conceito ainda em reflexão.

CAMINHO CERTO DA FELICIDADE

Caminhar... É um sentido. Muitos caminham sem rumo, sem sonho... Sem o sentido da vida. Quem projeta objetivos, forma o sentido do caminho. Muitos caminham para rumos idealizados. Alguns sentem a dor do caminho projetado. Muitos querem caminhar. Alguns chegam aonde sonharam chegar.
Caminhar é a cadência do ritmo da vida de cada um. Mas, caminhar sozinho ninguém chega a lugar nenhum. Nessa alegoria da caminhada, levamos a vida e muitas vidas em nós mesmos. Mas, quem não se cansa de sonhar, nunca cansará de caminhar, pois o caminho é a vida, é a história pessoal de cada um.
Num constante devir, a história de cada caminhada é o percurso do peregrino rumo aos seus sonhos. Como seria bom que todo humano sonhasse para caminhar com esperança.
Eu e você temos sonhos. Temos um caminho. Rumamos para algo que realizará nossa vida e faremos a nossa história. Nossos filhos precisam ler nossa vida pela experiência de lutas constantes que fizemos. Nosso livro escrito na vida é a resposta que temos que dar aos que nos viram buscar um caminho que se faz para a felicidade.
A vida de quem luta com honestidade e faz de sua vida um caminho constante à felicidade, na simplicidade e coerência de vida, será - certamente - uma pessoa de bom senso. Caminhe certo da felicidade!

A PESSOA HUMANA E OS "TRAUMAS"

Muitos de nós somos surpreendidos por "traumas". O que é um trauma? Segundo o dicionário trata-se de algo provocado por um meio violento que afeta um determinado órgão do corpo humano. Diz-se, deveras, que uma pessoa sofreu "traumatismo craniano" conseqüência de uma violenta batida, seja de acidente auto-motivo, ou um outro tipo de acidente.
Na psicologia um "trauma" ocorre quando a pessoa sofre uma decepção, a perda de alguém especial, desencontros e desentendimentos, enfim, situações que causam na pessoa uma mudança de comportamento e conseqüentemente afeta a própria coerência, a própria capacidade de raciocínio e os afetos se tornam - em certo sentido - "vulneráveis".
Acredito que as sociedades humanas sofrem com esse tipo de problema. Não sou psicólogo, mas estudei um pouco de cada realidade humana e a leitura que faço - de uma forma ampla - é de que o ser humano é vítima de muitos traumas, causados, certamente, por situações que envolvem o aspecto social - de convivência -, o aspecto afetivo - das relações de convivência - e econômico - do produto acima do humano -. Existe, creio, um complexo contexto humano, em tempos atuais, que cega nossa razão e nossa consciência.
Algumas vezes, quem sabe, não conseguimos organizar nossa relação conosco mesmos e acabamos construindo cercas elétricas, muros, delimitando o espaço necessário para a boa convivência. Temos medo do outro e desconfiamos da capacidade que temos de saber nos relacionar com o diferente. Os traumas psicológicos, acredito, são resultados de nossa má fé e de nossa angústia em relação ao outro. Decepções são reais e sempre existirão. Bom será quando soubermos aprender com os nossos erros e com os erros dos outros, quando soubermos conviver com nossas limitações e, ao invés de construirmos muros com cercas elétricas, saibamos construir pontes de perdão, reconciliação e amor.
Um psicólogo certamente saberá definir com maior exatidão o que é um trauma. Mas, uma coisa é certa: os traumas crônicos, isto é, aqueles que fazem sofrer cada vez mais uma pessoa que não consegue ser feliz e não consegue sair de si mesma e ir ao encontro da receita certa da felicidade, só serão realmente destruídos quando formos solidários com essas pessoas e a humanidade - ao invés de construir armas - souber "construir a pessoa humana" em sua integridade, formando-a para o bem e a felicidade.