PRAÇA PÚBLICA: ÁGORA DA CIDADANIA

As metrópoles (grandes cidades), em suas estruturas, sempre foram espaços de manifestações, opiniões e construção da identidade de um povo, do povo que a formavam. Desde a civilização grega, as ágoras (praças públicas), tiveram papel importante nas discussões dos problemas dos cidadãos e da cidadania (produção de alimento, roupas, trabalho, educação, saúde...). A política (organização da pólis = Cidade-Estado) foi o meio necessário para "democraticamente" tornar os bens um Bem para o Bom, ou seja, estruturada a Pólis, havia a necessidade das leis, da ética (ethos) que formava, assim, a capacidade de organização e vida digna para os cidadãos gregos. A praça pública era o lugar das discussões, das decisões e da manifestação comum de todos.
Herança dos gregos, outros povos também observaram a necessidade das praças. Para alguns lugar de encontros, de conversas informais,... Para outros o lugar da convivência comum,da apresentação da arte, do circo, do pão. Das praças de muitas metrópoles decisões tão importantes: políticas, religiosas, étnicas,... As civilizações foram construídas por meio da opinião e da evolução da educação, da cultura, das leis, das religiões...
Hoje precisa-se repensar qual a finalidade de nossas praças. Não apenas refletir em termos de decisões, mas refletir sobre o que se pensa para mudar o que está aí, o que pensamos em mudar. Talvez esse seja o mais enfático paradoxo de nossa contemporaneidade.
Quem vive (sobrevive) numa metrópole conhece as mais diversas complexidades que nela existem. O trânsito, sem dúvida, é em nossas cidades um problema sério. Não está nada fácil nos locomover de um ponto ao outro considerado tão próximo, observando - e experimentando! - transtorno gigantesco: o tal engarramento. Ouvimos de muitas pessoas de outras metrópoles que a situação é comum a todas. O resultado "desse transtorno" são pessoas estressadas, batidas incoerentes, vítimas, mortes, infrações, má educação, deslealdade,... entre outros adjetivos oriundos de um problema cada vez mais grave que é o trânsito de nossas cidades. 
Diariamente somos vítimas do trânsito mal organizado e "mal intencionado", provocando, quem sabe, doenças psicológicas, cardíacas, neuroses afins.
Nossas ágoras agora estão nas câmaras municipais. O que nossos vereadores têm feito para melhorar a vida dos que vivem nas metrópoles? Que projetos de lei se tem criado, proposto para tornar a vida do trânsito mais fluente e propício para a vida dos cidadãos? 
É impressionante que, em plena realidade metropolitana, com a rapidez que se constroem veículos mais modernos e confortáveis, não se pensou em caminhos que possibilitassem o direito de homens e mulheres viverem com mais segurança. Cidades aonde ciclovias e faixas de pedestres são pouquíssimas e as que temos são desrespeitadas, o outro - que é pedestre e ciclista - sempre é ignorado.
Minha razão não consegue entender que, em pleno século 21, ainda existem procissões em dia de santo! Os religiosos podem e tem o direito de manifestar sua crença, mas o que percebo é que o olhar sempre é para si mesmos - repetindo o que muitos de nós fazemos: ignorando o outro que é também cidadão como eu. Que em horários de pico o trabalhador (a) depois de um dia longo e cansativo  de trabalho deseja chegar em sua casa e merecer o descanso para ter forças e continuar no dia seguinte sua lida, mas esbarra-se em caminhadas, procissões, entre outras situações desagradáveis... 
Quem sabe os nossos vereadores (aqueles que vêem a dor dos concidadãos) preocupem-se com um entre tantos problemas que hoje as metrópoles enfrentam. Estupefatos estamos, pois a "nossa praça", a ágora da civilização grega, se limitou a poucos cidadãos eleitos por nós, mas que poucas vezes (ou nada) tem feito para cuidar daquilo que é o bem da cidade: seus moradores, seus cidadãos. 
Não se quer aqui implodir idéias e falácias, tão pouco criar ódio a "x" ou "y". Se quer sim, refletir e pensar nossa cidade como o espaço de participação e de responsabilidade de todos nós.