Às vezes me pego pensando,... Dizendo a mim mesmo, de sonhos, palavras, contando...
Nem sempre se faz o que se pensa, se diz o que se deve dizer... A vida da gente é um fato...
Em fotos de dentro, de fora, das entrelinhas da vida, na vida de cada dia.
Me pego olhando o horizonte já andado... Andando, quem sabe, voltando?... Mas, se anda às vezes com medo, de tantos horizontes nem sempre bem vistos pelo olhar de quem de fora vê o imaginável do ser... daquilo que talvez deveria se ver...
Às vezes o coração engana a gente, mesmo que a razão tolha o que de fato é, num jardim de nossas entranhas de ver o que de fato poderia ser... Descobrimos a verdade de tantas mentiras ditas, por incrível que se pode imaginar: a verdade são caminhos da descoberta de inverdades imagináveis do coração, sem fé, sem razão...
Me apego às vezes em coisas fúteis, que - de outro lado da vida - deveria ser útil, porém desqualifica a existência e deveras torna-se um grão de insônias das muitas solidões embriagadas pela utopia desejada... Por mim, talvez, envolvendo o Nós - sem saber que se quer sonhar pluralmente, desejar tal vil...
Me vejo, talvez, hoje pensativo em tudo num tão pouco de mim... Respostas inexistentes das verdadeiras palavras ditas - "mal ditas" - num desejo que começou, mas terminou em nós!
O ESPANTO E A ALEGRIA
Você
gosta de receber notícias boas? Quem não gosta, não é mesmo? Aquela notícia de
algum parente distante que veio fazer uma visita trazendo na bagagem as
formidáveis novidades de sua vida! Um bom presente de alguém que a gente gosta
muito! Alguém muito importante em nossa vida que nasceu! Enfim, notícias boas
fazem muito bem pra gente!
Imaginem
só a notícia de um amigo de verdade, o qual havia morrido e que viesse a viver
novamente?! Talvez a primeira impressão seja de espanto, mesmo que ele dissesse
que voltaria a viver. Mas, espanto e alegria são próprios dos que têm esperança.
É a reação dos que esperavam uma boa notícia! O Evangelho da vida é assim!
Reavivar
a esperança depende muito de nossa fé! Quem de fato espera é porque crê. Então,
aqueles que esperamos um dia voltar, a surpresa das boas notícias e o espanto
são essencialmente sinais de quem realmente sempre acredita.
A
fé que temos hoje no Cristo Ressuscitado é o resultado de idas gerações que nos
transmitiram a verdade daqueles que viram e deram testemunho do Senhor Jesus Cristo
Vivo. Diz assim o Evangelho de João: “Jesus
fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham
escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo
20:30). De outra maneira escreveu Paulo Apóstolo dizendo: “Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a
vossa fé” (I Cor 15:13b).
Então,
a fé que temos é parte da fé dos primeiros cristãos e – como diz o texto do
evangelho de João – “Felizes os que não
viram e creram!” (Jo 20:29c). Portanto, as provas da ressurreição de Cristo
que encontramos na Sagrada Escritura são verdadeiras e é fé transmitida entre
todos até os dias de hoje.
Dessa
forma, das verdades de fé – a saber: que verdadeiramente Jesus Cristo
ressuscitou! – são instrumentos de esperança, caridade e missão. Celebrar a
ressurreição de Cristo é celebrarmos a memória dos acontecimentos salvíficos e,
claro, celebrar também a nossa trajetória como cristãos que procuram fazer essa
experiência da cruz e da ressurreição em nossas ações diárias.
É
tão bom receber boas notícias! E quando uma notícia tem haver com a nossa vida,
nossa existência e a razão de nossa esperança (cf I Pedro 3:15), certamente temos muitos motivos para celebrar. Assim,
páscoa[*] é essa passagem que realizamos em
nossa vida: da desesperança para a esperança, da tristeza para a alegria, do
ódio para o amor, da fome para a fartura, da indiferença para a
solidariedade,... Essa boa notícia nasce, sem dúvidas, da certeza de que Cristo
vive no meio de nós!
Assuste-se!
Espante-se! Não tenha medo de ver os sinais do Ressuscitado em sua vida e no
meio de nós! Ele passou da morte para a vida! Somos enxertados Nele para, enfim, dá testemunho do seu amor entre nós e
no mundo. Desafiemo-nos! O que você acha?
[*]
O termo
"Páscoa" deriva através do latim Pascha e do grego bíblico Πάσχα Paskha, do hebraico פֶּסַח Pesa ou Pesach,
a Páscoa judaica: Passagem.
A SEDE E O CAMINHO DA CACIMBA
A experiência de quem já
passou sede não é tão agradável. Ter sede e perceber que estamos tão longe do
pote da cacimba nos leva, de certa forma, a algum desespero. E se essa
experiência da sede for numa região árida aonde a água é escassa? Ou buscamos meios para matar nossa sede, ou
nos acostumamos com a falta dela.
Escolhemos duas vias: Ir à
fonte da cacimba ou nos “acostumamos” sem a água e/ou com água que não seja
pura. Portanto, temos dois caminhos, duas alternativas: a primeira é
consequência da necessidade e a segunda é a ausência de coragem.
O tempo da quaresma pode ser
também, o tempo da necessidade. É o tempo de buscar no deserto “a fonte perene
da água viva”. Quem sobrevive no deserto muitas vezes pode se acostumar sem a
certeza de suas necessidades, deixando-se “tentar” pelo medo, pela indiferença
de si e com os outros. Mas, quando conscientemente, pela força do espírito que há em nós (cf. Mt 4:1), buscamos alternativas
para melhorar e suprir a necessidade da água se vence o medo, se luta pela
vida, nascem à solidariedade uns pelos outros.
A metáfora dos quarenta dias
de Jesus no deserto em que foi tentado pelo demônio, é, sem sombras de dúvida,
uma forma de também cada um de nós redescobrirmos nossas necessidades para
lutar contra as tentações que sofremos a cada dia no “deserto de nossa
existência” como comunidade cristã. E,
nesses quarenta dias nos indagarmos: Onde realmente estão nossas maiores
necessidades?
O verdadeiro caminho é o
seguimento de Jesus. Nele encontramos o referencial de saber buscar nossas
necessidades sem nos atrelar às seduções do maligno.
Ter, poder e prazer são
tentações que sofremos diariamente, porém quando buscamos na oração, no jejum e
na caridade instrumentos para suprir as “necessidades” de que exigem o Reino
certamente não estamos acomodados e acostumados com a “falta de água viva” em
nossa vida.
A sede, o deserto e os quarenta
dias são elementos chaves que abrem a porta de nosso coração para encontrarmos
“o caminho da cacimba”, ou seja, a fonte das verdadeiras necessidades que
constroem o desejo de Deus: a realização do Projeto do s eu Reino.
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