A SEDE E O CAMINHO DA CACIMBA



A experiência de quem já passou sede não é tão agradável. Ter sede e perceber que estamos tão longe do pote da cacimba nos leva, de certa forma, a algum desespero. E se essa experiência da sede for numa região árida aonde a água é escassa?  Ou buscamos meios para matar nossa sede, ou nos acostumamos com a falta dela.
Escolhemos duas vias: Ir à fonte da cacimba ou nos “acostumamos” sem a água e/ou com água que não seja pura. Portanto, temos dois caminhos, duas alternativas: a primeira é consequência da necessidade e a segunda é a ausência de coragem.
O tempo da quaresma pode ser também, o tempo da necessidade. É o tempo de buscar no deserto “a fonte perene da água viva”. Quem sobrevive no deserto muitas vezes pode se acostumar sem a certeza de suas necessidades, deixando-se “tentar” pelo medo, pela indiferença de si e com os outros. Mas, quando conscientemente, pela força do espírito que há em nós (cf. Mt 4:1), buscamos alternativas para melhorar e suprir a necessidade da água se vence o medo, se luta pela vida, nascem à solidariedade uns pelos outros.
A metáfora dos quarenta dias de Jesus no deserto em que foi tentado pelo demônio, é, sem sombras de dúvida, uma forma de também cada um de nós redescobrirmos nossas necessidades para lutar contra as tentações que sofremos a cada dia no “deserto de nossa existência” como comunidade cristã.  E, nesses quarenta dias nos indagarmos: Onde realmente estão nossas maiores necessidades?
O verdadeiro caminho é o seguimento de Jesus. Nele encontramos o referencial de saber buscar nossas necessidades sem nos atrelar às seduções do maligno.
Ter, poder e prazer são tentações que sofremos diariamente, porém quando buscamos na oração, no jejum e na caridade instrumentos para suprir as “necessidades” de que exigem o Reino certamente não estamos acomodados e acostumados com a “falta de água viva” em nossa vida.
A sede, o deserto e os quarenta dias são elementos chaves que abrem a porta de nosso coração para encontrarmos “o caminho da cacimba”, ou seja, a fonte das verdadeiras necessidades que constroem o desejo de Deus: a realização do Projeto do s eu Reino.

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